terça-feira, 1 de junho de 2004

Máscaras

A bem da verdade, não és esse homem fatal que tu pensas que és. Aquelas histórias de sedução foram todas inventadas e esse ar superior, de quem sabe lidar com a vida, é apenas autodefesa.
Aquelas frases filosóficas, foram só para me impressionar, para me passar essa ilusão de intelectual... na verdade tu ainda nem sabes se acreditas nos valores que te ensinaram, quanto mais em frases feitas e opiniões formadas!
É que no fundo tens um medo terrível de que eu te ache feio, de que eu encontre em ti uma série de imperfeições.
Sabes, escusas de usar essa máscara de homem inatingível, de homem forte com punhos de aço.
- Tira o casaco, tira o cansaço... hoje o dia deixou-te carente... A convicção de independência afectiva? É tudo treta tua! O que querias mesmo era dividir os sentimentos, os sonhos, as ilusões e alguns segredos.
Quantas vezes te inventam e até te convences da tua identidade? Administra a tua liberdade. Decide o teu destino com mais segurança!
Tu não previste que na linha da tua vida estivesse demarcada uma paixão inesperada.
Agora? Cá estás tu, vinte e muitos anos e todo atrapalhado, tentando um olhar mais grave, um molhar de lábios sensual... mas não sabes bem o que fazer para me agradar.
Querias mesmo era falar de todos os teus medos, " dos meus medos? " tu dirias, como se eu nunca tivesse temido nada.
Ah, tu querias falar alguma coisa? Está bem! Antes, só mais uma coisinha: não tenhas medo que eu saia deste filme antes de ti, que eu saia à francesa desta história.
Não! Eu não te vou deixar recolocar a tua máscara e te reinventares outra vez!

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