quarta-feira, 9 de junho de 2004

MIGUEL

Não sei o que é feito de ti. Se ainda cá estás ou ainda cá voltas. Sei, apenas, que estás longe, lutaste por aquilo que sempre sonhaste e conseguiste.
Sempre foste um jogador. Um jogador compulsivo. Desde tenra idade que és assim, já os teus Pais diziam. Também diziam que ias casar comigo e que até íamos ter filhos de olhos azuis. Eu ficava radiante e tu agoniado (ou tu pensas que eu, já naquela altura, não te lia os pensamentos?). Mas tu nunca me ligaste nenhuma e tinhas aquele péssimo hábito de me tratar como uma irmã. (Irmãs só no convento!). Recordo o nome que me chamavas - Ana Badana. Eu ficava danada e tu sorrias sempre que o soletravas.
Achavas sempre que tinhas piada ( e tinhas!), que eras o maior ( e eras!).
Eu passava o tempo todo a olhar para ti, tal e qual as outras olhavam para os seus ídolos.
Entrámos na faculdade e eu ia sabendo de ti. Via-te poucas vezes, mas continuavas dono e senhor do teu nariz, persistente nos teus objectivos de vida e lindo de morrer.
Deixei de te ver naquela sexta feira em que por acaso nos encontramos e falámos horas a fio. Lembro-me que os teus olhos estavam mais expressivos que nunca e as minhas mãos tremiam como nos tempos do liceu.
Despediste-te de mim como se me voltasses a ver no dia seguinte. Fiquei com a esperança que pudesse acontecer. Que tonta!
Os dias passaram e os meses também. E nunca mais voltei a ser a mesma. Sei que foste para bem longe e que és feliz com o que conquistaste. Mas também sei que levaste um pedaço de mim que já não me podes devolver e ficarei sempre na dúvida se esse bocado me vai ou não fazer falta, para amar outra pessoa como eu te amei ... a ti Miguel!

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