quinta-feira, 12 de fevereiro de 2004


Se eu pudesse ...


Se eu pudesse, agarrava-te nos meus braços, cantava-te o Space Oddity até fechares os olhos, lia-te a história do Gato das botas mas inventava-lhe outro fim, deitava-te nos meus braços e esperava que adormecesses, entrava nos teus sonhos e pintava-os de muitas cores e sons perfeitos, depois acordava-te ainda cedo, devagar para não provocar o teu mau feitio, abria três dedos da persiana, pegava-te nas mãos até acordares, trazia-te o pequeno-almoço à cama, kellogs e uma maça verde, depois punha o banho a correr e ficava quieta, à espera que começasses o teu dia a meu lado: lindo de morrer, sereno, seguro, tranquilo, pacificado contigo e com o mundo.
Se eu pudesse, os comboios andavam mais depressa, os aviões não tinham turbulência nem entravam em poços de ar, e as hospedeiras passavam a ser hospedeiros, não havia portagens e o limite de velocidade nas auto-estradas era de 160km/h, não havia portagens e metia-me ai num instante, tinha tempo para estar, ser e regressar, ou então metia-me num avião e levava-te para o outro lado do mundo, onde nunca fomos, tu ias e não sabias nada mas confiavas em tudo, então chegávamos a um canto sossegado, perdidos dos homens e do mundo, deitava-te em cima de uma cama enorme e amava-te ali durante horas e sem tempo, até adormeceres outra vez nos meus braços. Se.. se eu pudesse.. Mas não posso!!!

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