quarta-feira, 7 de janeiro de 2004

Entrega os lábios ao poema. Eu nunca serei o único pastor do teu silêncio; verás tresmalhados os meus versos nas páginas de um dicionário, dispersos por nocturnas paisagens deserdadas. Falo-te da eternidade, mas sei apenas que habitamos plataformas movíveis em clivagens ontológicas. Somos, na verdade, realidades imersas numa insónia prolongada em que coleccionamos coisas obsoletas como cartas de amor.

José Rui Teixeira
Para morrer
Edições Quasi (2004)

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