quinta-feira, 4 de dezembro de 2003
Em toda a noite o sono não veio
Em toda a noite o sono não veio.
Agora Raia do fundo
Do horizonte, encoberta e fria, a manhã.
Que faço eu no mundo?
Nada que a noite acalme ou levante a aurora,
Coisa séria ou vã.
Com olhos tontos da febre vã da vigília
Vejo com horror
O novo dia trazer-me o mesmo dia do fim
Do mundo e da dor -
Um dia igual aos outros, da eterna família
De serem assim.
Nem o símbolo ao menos vale, a significação
Da manhã que vem
Saindo lenta da própria essência da noite que era,
Para quem
Por tantas vezes ter sempre 'sperado em vão,
Já nada 'spera.
Fernando Pessoa
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário