sexta-feira, 7 de novembro de 2003

Cumplicidades

Cumplicidade não é o mais brilhante, mas é o mais subtil, delicado e penetrante dos sentimentos. Não importa o tempo, a ausência, os adiantamentos, a distância ou as impossibilidades.
Quando há cumplicidade , qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afecto, no exacto ponto de onde foi interrompido.
Cumplicidade é não haver tempo mediante a vida. É a vitória do adivinhado sobre o real, do subjectivo sobre o objectivo, do permanente sobre o passageiro, do básico sobre o superficial.
Ter cumplicidade com alguém é muito raro, mas quando ela existe, não precisa de códigos verbais para se manifestar. Ela existia antes do conhecimento, erradia durante e permanece depois que as pessoas deixam de estar juntas.
Cumplicidade é ficar longe, pensando parecido a respeito dos mesmos factos que impressionam, comovem e sensibilizam.
Cumplicidade é receber o que vem de dentro com uma aceitação anterior ao entendimento.
Cumplicidade é sentir com. Nem sentir contra, sem sentir para. Sentir com e não ter necessidade de explicação do que está a ser sentido. É olhar e perceber.
Cumplicidade é um sentimento singular, discreto e independente. Pode existir a quilómetros de distância, mas é adivinhado na maneira de falar, de escrever, de andar, de respirar.....
Cumplicidade é retomar a relação no tempo em que parou.
Porque ele (tempo) e ela (separação) nunca existiram.
Foi apenas a oportunidade dada (tirada) pelo tempo para que a maturação pudesse ocorrer e que cada pessoa pudesse ser cada vez mais e cada vez melhor!

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