sexta-feira, 31 de outubro de 2003

Boa noite, AMIGOS...

A solidão apodera-se do meu corpo. Já não reconheço estas paredes rugosas, este cheiro a vela queimada, os objectos inertes, as pessoas que figuram nas molduras... O espaço é só um quarto. Poderia ser um sítio agradável para descansar, dormir, sonhar...NÃO! Considero-o apenas um quarto com tudo o que é suposto ter e ao mesmo tempo sem nada. Falta-lhe o essencial: o espírito, a alma, a sua vida própria... Sim, porque as “coisas” têm vida, uma vida muito peculiar. Não as vemos mexer-se, mas sentimos aquilo que delas emana. Este quarto deveria transpirar alegria, secretar bem-estar, expirar conforto.

Lentamente o meu corpo perde a postura e cai na cama, esperando adormecer para que, adormecendo, esqueça esta melancolia.

A saudade é mais forte do que pensara. Estas quatro paredes sufocam-me...não me deixam ver-vos, tocar-vos...Sinto que preciso curar esta minha ansiedade com a vossa presença, um pouco da vossa pele, um pouco dos vossos lábios num beijo de “Olá...”, um pouco do vosso olhar para que o meu seja brilhante... Preciso de vós. Entrem neste mesmo instante, atravessem estas paredes, digam “olá” e dêem-me um beijo, olhem para mim e façam-me acreditar que vale a pena estar longe, para que quando se está mais perto se possa sentir que “embora longe, estaremos sempre perto”.

O sono invade-me e adormeço. Dormir é a minha fuga...dormindo sonho e esqueço esta ansiedade, este mal-estar contínuo...esta vontade de quebrar as quatro paredes. Talvez amanha acorde diferente, talvez amanhã seja capaz de enfrentar um pouco melhor este novo Mundo...

Boa Noite, AMIGOS!

Rita

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