terça-feira, 11 de janeiro de 2005

Valores

Tenho pena que a "Quinta das Celebridades" tenha acabado. Não, não estou a ser irónico, tenho mesmo pena. Acho que deviam realizar uma segunda série pelo menos tão produtiva em episódios anedóticos e de triste retrato da nossa sociedade como esta que agora findou. Eu admito, às vezes não sei o que me dava na cabeça, mas ligava o televisor e punha-me a observar aqueles especimens tão caricatos que fecharam na quinta. Ao princípio pensei que até se poderia aprender alguma coisa útil, mas conforme tudo se ia desenrolando, desisti da ideia de tirar algumas dúvidas sobre a vida rural com os nossos "famosos" e passei a admirar a fluência verbal e clarividência de ideias deles. Não é mais interessante aprender como desenvolver uma boa intriga, falar mal nas costas das outras pessoas ou conhecer as marcas de trezentas e setenta e duas marcas de roupa e/ou perfumes? Claro.
No fundo, é disso que nós todos gostamos. Queremos lá saber como ordenhar uma vaca. Muitos de nós nem vão ver uma vaca ao vivo durante muito e muito tempo. Por isso deixemos essas banalidades de aldeia de lado e concentremo-nos no que realmente interessa: a cuscuvilhice. Ah, como ela alimenta o ego! Será que ele vai ficar com ela? Será que o outro vai vestir um par de sapatos novo? Será que vai cair um meteorito em cima daquilo tudo e fazer um favor à Humanidade? Bem, esta última questão talvez fosse dispensável. De qualquer maneira, foi um exercício engraçado ver aquelas reportagens de rua e a exaltação do povinho com aquele grupo da quinta. "Porquê o Castelo Branco?" perguntava o jornalista; "Porque é um palhaço e faz-nos rir", respondia uma senhora de meia idade e de ancas roliças. Pois é, pois é. As pessoas querem lá aprender. Queremos é quem nos enterta e nos ponha o cérebro dormente, que a vida já é difícil que chegue. Queremos histórias de embalar que nos tirem desta existência miserável. Queremos construir ídolos com pés de barro, que nos divirtam enquanto quisermos, para depois de estarmos fartos, atirar os bonecos ao chão e correr atrás da próxima presa. Enfim, tenho saudades deste reality show e da pobreza de espírito que galvanizava, representada ao máximo no vencedor do concurso. Já agora, alguma vez se perguntaram porque o José Castelo Branco, esse exemplo aberrante de um metrossexual, homem do glamour de tempos modernos, venceu o programa? Terá sido uma manobra publicitária de alguém que apregoa aos sete ventos que os verdadeiros VIPs não aparecem nas revistas, ou no fundo, porque ele representa a nossa secreta ambição de sermos ricos e famosos com o mínimo de esforço? Serão estes os nossos verdadeiros valores?

P.S.: Há uns dias estava a fazer zapping e passei pela TVI, onde estavam a entrevistar a mencionada criatura. Perguntaram-lhe, a brincar ou talvez não, quais os objectivos dele, e se eles incluiriam a presidência da república. Mudei logo de canal. Isto já é mau o suficiente com o Santana Lopes a Primeiro Ministro... enfim. Não brinquem connosco, senhores "jornalistas"...

H.

5 comentários:

Céci disse...

Bem, tu não tens papas na lingua, adorei o teu blog, parabéns.

Céci

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Roberto Iza Valdés disse...
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